Prefácio

Nota breve
A tradição da sua utilização e o seu valor
Breve História Geológica
Caracterização Tecnológica
Fichas de Caracterização
Bibliografia Geral
Ficha Técnica








Sede do BNU em Lisboa
  presente catálogo comporta a caracterização detalhada de alguns dos tipos litológicos nacionais mais importantes como rocha ornamental, completada com a descrição sumária da respectiva jazida.

Os trabalhos desenvolvidos seguiram uma metodologia previamente uniformizada e de acordo com procedimentos internacionalmente aceites, procurando fornecer a informação técnica aos industriais e aos mercados, nacional e estrangeiro, em conformidade com as suas especificações de qualidade.

Em cumprimento do plano estabelecido, as actividades de campo bem como a colheita e preparação da amostragem envolveram vários sectores da antiga DGGM; o Laboratório não só colaborou nessas acções, como, ainda, as coordenou e se responsabilizou pela execução das tarefas laboratoriais subsequentes.

Trabalhos de campo


Nas pedreiras foram recolhidos elementos de índole geológica e anotadas algumas características técnicas da rocha, em satisfação das seguintes rubricas:
- Descrição geológica muito breve;
- Estudo dos principais sistemas de fracturação;
- Descrição litológica com especial incidência sobre:
Aspecto macroscópico da rocha: estrutura, tonalidade, padrão ornamental;
Defeitos da rocha afectando o seu aspecto geral (alterações, heterogeneidades diversas como encraves, manchas, concentrações de minerais, filões, etc.);
Dimensão média dos blocos extraídos; aspecto ornamental mais favorável; utilização mais comum.
- Potencialidades da exploração.
Procedeu-se, também, à colheita de amostragem significativa com vista à realização dos ensaios tecnológicos programados e de modo a possibilitar-se o estudo da variabilidade dos valores das propriedades de índole direccional.

Trabalhos de laboratório
Os trabalhos de laboratório foram conduzidos, em rotina, sobre o material amostrado, após adequada preparação em empresas que se dedicam à laboração de rochas ornamentais.
Os ensaios de caracterização seleccionados, alguns deles simulando condições a que o material poderá vir a ser submetido, são considerados suficientes para o conhecimento das particularidades mais importantes de cada uma das matérias--primas em questão e, consequentemente, para a determinação do seu emprego mais adequado.

Ensaios físico-mecânicos
Este tipo de ensaios tecnológicos assume importância fundamental na caracterização de rochas industriais e, em particular, das que se destinam a fins ornamentais.
Apesar de inicialmente, terem sido executados, na sua maioria, segundo o prescrito em NORMAS DIN apropriadas, actualmente, como já ficou dito, conformam-se com o prescrito nas normas EN já publicadas.
Dos valores apresentados, os que dizem respeito às propriedades de índole direccional, referem-se a testes realizados segundo o plano mais recomendado ou de utilização mais vulgarizada.

Dão-se a conhecer, seguidamente, o objectivo de cada um dos ensaios efectuados e a metodologia utilizada.

Resistência mecânica à compressão simples
Este ensaio é realizado de acordo com o disposto na Norma EN 1926.
São utilizados 6 provetes cúbicos de 7 ou 5 cm de aresta, previamente secos a peso constante. 0 resultado apresentado é a média dos valores obtidos para cada um dos provetes, expresso em MPa ouKg/cm2.

Resistência mecânica à compressão simples após teste de gelividade
O teste de resistência ao gelo é conduzido de acordo com a Norma EN 12371 e no caso vertente, consistiu em submeter 6 provetes cúbicos de 7,0 cm de aresta a 25 ciclos de congelação--descongelação entre as temperaturas extremas de -12,5ºC (em câmara frigorífica) e 20ºC (imersos em água), cada ciclo tem a duração de 12 horas. 0 resultado do ensaio de compressão simples sobre os provetes após completado o teste, é a média dos valores individuais obtidos e é dado em MPa ou Kg/cm2.
Considera-se que o material não é afectado por gelividade se o valor obtido não difere em mais de 20% relativamente à média obtida para os provetes da mesma rocha, no estado seco. Em complemento, procede-se à apreciação macroscópica dos efeitos do mesmo teste sobre a estrutura e a cor dos provetes.

Resistência mecânica à flexão

Segue-se o prescrito na Norma EN 12372, utilizando 10 provetes prismáticos (no caso 5x10x30 cm) e exprimindo o resultado médio obtido em MPa ou Kg/cm2.

Massa volúmica aparente

Utilizaram-se 6 provetes cúbicos de 7 cm de aresta, tendo-se procedido de acordo com o estabelecido na Norma EN 1936. É apresentada a média dos valores obtidos em Kg/m3.

Absorção de água à pressão atmosférica.
Os provetes destinados à determinação anterior foram utilizados para o cálculo da absorção de água à pressão atmosférica, segundo o procedimento indicado na Norma EN 13755 e o respectivo resultado médio foi expresso em % do peso do provete seco.

Porosidade aberta (ou aparente)

Trata-se de um ensaio que se correlaciona com os anteriores e é executado de acordo com a Norma EN 1936. A porosidade aberta é definida como o volume de água absorvida pelo provete, expresso em % do volume deste, sendo apresentada uma média dos valores obtidos.

Coeficiente de dilatação linear térmica
Este valor foi determinado em três provetes talhados ortogonalmente, correspondendo dois deles às duas direcções rectangulares principais do plano de efeito ornamental mais favorável. 0 intervalo de temperaturas a que se refere a medição é 20ºC a 80ºC (ver EN 14581), sendo a dilatação linear térmica medida por intermédio de um dilatómetro Adamel-Lhomargy de grande precisão.
É dado a conhecer o valor máximo obtido, expresso em n.10-6 /ºC.

Resistência ao desgaste
O ensaio de desgaste foi, inicialmente, efectuado na máquina Amsler-Laffon sobre 4 provetes prismáticos de dimensões 6 x 6 x 3 cm, em conformidade com o disposto na Norma NP-309. Como resultado do ensaio, o qual exprime a diminuição de espessura dos provetes no final de um percurso de 200 metros, tomou-se a média (em mm) dos desgastes obtidos para cada provete. Actualmente a metodologia utilizada (desgaste Capon) é uma das consagradas na EN 14157 e consiste em submeter 6 provetes de15x15x3 cm a abrasão por fricção com um disco rotativo de aço e um abrasivo normalizado. O desgaste Capon correspondente à medida da corda da calote produzida, em mm.

Resistência ao choque

Submetem-se a este ensaio 4 placas de dimensões 20 x 20 x 3 cm, talhadas segundo os planos de utilização mais comum. Cada provete é colocado sobre um leito de areia com 10 cm de espessura e sofre o impacto de uma esfera de aço de 1 Kg que é deixada cair de alturas sucessivamente maiores, intervaladas de 5 cm, até à ruptura (EN 14158).
0 resultado, entendido como altura mínima de queda à qual ocorre a ruptura da placa, é a média dos valores obtidos para cada um dos provetes e exprime-se em joules ou em cm.

Mineralogia e petrografia

A caracterização mineralógica e petrográfica das rochas ornamentais contribui para o conhecimento e justificação do comportamento tecnológico de cada tipo de rocha, bem como para a detecção de causas penalizadoras da sua qualidade -defeitos microestruturais, presença de minerais alterados e/ ou facilmente alteráveis, etc.
De cada exemplar foram estudadas, ao microscópio polarizante, lâminas delgadas talhadas segundo as 3 faces principais de um provete cúbico, com especial incidência sobre:

Textura da rocha;
Forma e tamanho dos cristais;
Composição mineralógica: minerais essenciais e acessórios;
Presença de minerais alterados;
Observações de índole microestrutural.

Por cada tipo de rocha apresentam-se microfotografias onde se podem reconhecer os aspectos texturais acima mencionados, bem como se apresenta a composição mineralógica resultante das determinações efectuadas por microscopia, complementadas com uma estimativa semi-quantitativa por difracção de raios-X.

Análise química
Como último elemento de caracterização, referem-se os resultados do doseamento dos elementos maiores constituintes das rochas estudadas, obtidos por análise química clássica. Unicamente o teor em C02 das rochas carbonatadas, por ultrapassar o limite de sensibilidade do método usual, foi calculado saturando como carbonatos os teores em CaO e MgO obtidos.

Algumas notas sobre a apreciação dos resultados
Os dados colhidos através dos trabalhos de campo e de laboratório efectuados revestem-se de utilidade prática imediata quer ao nível do conhecimento das características da pedra na própria pedreira, quer ao ter-se em vista a sua aplicação nos diversos elementos utilizados na Construção Civil.

Para o exame desses resultados torna-se necessário, antes de mais, ter em conta as naturais diferenças existentes entre as rochas estudadas, decorrentes da sua composição mineralógica, da sua génese e das características particulares da sua jazida e que explicam o seu comportamento específico relativamente a alguns ensaios tecnológicos, em particular resistência mecânica à flexão, dilatação linear térmica, resistência ao choque e resistência ao desgaste.

Sob o aspecto geral, uma rocha ornamental fica bem definida pela sua cor, textura, composição mineralógica, pelo valor dos seus índices físicos (em particular, massa volúmica aparente e grau de absorção de água) e pela sua resistência mecânica à compressão.

A importância relativa dos ensaios físico-mecânicos, no seu conjunto, é função do tipo de utilização a que se destina o material, tornando-se alguns deles imprescindíveis na avaliação da respectiva aptidão para determinado fim. Em particular, salienta-se que:

A resistência mecânica à compressão simples após teste de gelividade é, em conjugação com a percentagem de água absorvida e a porosidade aberta de rocha, um índice de durabilidade do material, em particular quando empregue em climas frios e húmidos;
O conhecimento do coeficiente de dilatação linear térmica é de particular importância quando se prevê a utilização do material em trabalhos exteriores em climas de forte amplitude térmica;
As determinações da resistência ao desgaste e ao choque são indispensáveis quando se tem em vista a aplicação das rochas em pavimentos ou escadarias, ou, mesmo, em tampos de mesas ou balcões;
O valor da resistência mecânica à flexão fornece elementos para a avaliação da aptidão da rocha em questão face às várias aplicações em que se destina a funcionar em consola ou em outras solicitações à flexão.

Muitas destas características estão intrinsecamente correlacionadas, positiva ou negativamente, com a textura e estrutura da rocha e, em particular, com o tamanho relativo e a dimensão média do grão. Estes mesmos parâmetros, bem como o estado de conservação dos minerais seus constituintes, condicionam fortemente a aptidão da rocha ao polimento e a durabilidade deste.

Apresenta-se, seguidamente, um quadro sintético em que se apontam os ensaios físico-mecânicos adequados para caracterização do material, tendo em vista as suas utilizações gerais mais comuns.

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