Prefácio
Nota Breve

A tradição da sua utilização e o seu valor
Breve História Geológica
Caracterização Tecnológica
Fichas de Caracterização
Bibliografia Geral
Ficha Técnica



Regiões Estruturais da zona W
da Península Ibérica









Antropozóico


Cenozóico


Cretácio


Jurássico


Triássico


Devónico sup. a Pérmico


Ordivíico a Devónico inf.


Anteordovícico e Séries cristalofílicas


ROCHAS ÍGNEAS


Rochas ácidas e neutras


Rochas básicas e ultrabásicas



Esboço Geológico de Portugal
 

ortugal, na sua área continental, é formado por três grandes unidades geológicas: o MACIÇO ANTIGO, as ORLAS MESOCENOZÓICAS e as BACIAS DO TEJO E DO SADO.

0 MACIÇO ANTIGO representa, só por si, cerca de dois terços do território e corresponde a parte de um antigo soco compreendendo, essencialmente, terrenos Precâmbricos e Paleozóicos. Encontra-se localmente coberto por depósitos detríticos discordantes de idade Terciária e Quaternária, cuja espessura não ultrapassa os 200-300 metros.

Nos finais da orogenia Hercínica, o Maciço Hespérico foi recortado, no decurso de dois importantes episódios, por uma densa rede de fracturas. 0 primeiro deles originou fracturas com orientação NNE-SSW e um sistema conjugado NNW-SSE. 0 segundo originou fracturas com orientação aproximada E-W, as quais estão, algumas vezes, preenchidas por filões de rocha básica.

Nesse maciço podem definir-se zonas com características paleogeográficas, tectónicas, metamórficas e plutónicas distintas, muitas vezes separadas por importantes acidentes cavalgantes. No sector ibérico as estruturas têm direcção predominante NW-SE.

Zona Cantábrica


Constitui um empilhamento de sedimentos com facies dominantemente nerítica. 0 limite ocidental desta zona é uma fractura cavalgante maior.

Zona Oeste Asturiana-Lionesa


Esta zona foi afectada por metamorfismo regional do tipo baixa-intermédia pressão.
Intercalados na formação vulcano-detrítica conhecida por "Ollo de Sapo" ocorrem mármores com interesse ornamental (mármores de Vimioso).

Zona Centro-Ibérica


Caracteriza-se pela ocorrência de uma espessa sequência do tipo flysch (Precâmbrico Superior a Câmbrico) chamada Complexo Xisto-Grauváquico, sendo os quartzitos da base do Ordovícico discordantes em relação àquela. Sobrepondo-se aos quartzitos ocorrem rochas xistentas, por vezes ardosíferas, as quais têm interesse ornamental (por exemplo, ardósias de Valongo). 0 intenso magmatismo originou, sobretudo, granitóides das séries alcalina e calco-alcalina, estando as rochas básicas muito subordinadas.

Entre os primeiros têm sido utilizados como pedra ornamental os granitos de duas micas do Porto e de Afife (Viana do Castelo).Dentre os segundos, os granitos com megacristais e biotite-oligoclase, de tom escuro e foliação evidente, explorados na região de Espinho (Braga), os granitos calco-alcalinos a alcalinos com granulado médio a fino e duas micas de Alpalhão (Portalegre), os granitos calco-alcalinos biotíticos com megacristais e granulado grosseiro (usualmente designados por "granito dente de cavalo") de Guimarães, de Viseu, etc., e, ainda, certas variedades cujos feldspatos apresentam coloração rosada (granitos de Monção e da Serra do Gerês), têm tido larga utilização como rocha ornamental.

Sub-Zona da Galiza Média-Trás-os-Montes

0 sector NE da Zona Centro-Ibérica caracteriza-se pela presença de rochas de alto grau de metamorfismo e de composição básica e ultrabásica. Inclui os maciços de Morais e Bragança onde se situam os principais afloramentos de serpentinitos, anfibolitos, xistos anfibólicos e outras rochas verdes, importantes do ponto de vista ornamental. Algumas lentículas carbonatadas estão, por vezes, incluídas na formação metassedimentar encaixante dos maciços básicos, fornecendo algumas rochas com interesse ornamental (calcários de Castro Vicente).

Zona de Ossa-Morena


Nesta zona, o Precâmbrico é recoberto pelo conglomerado de base do Câmbrico, a que se seguem algumas formações de rochas carbonatadas as quais, por metamorfismo, originaram, por vezes, mármores de grande interesse ornamental como acontece no anticlinório de Estremoz-Borba-Vila Viçosa e nas regiões de Escoural, Viana do Alentejo, Trigaches, etc.
Rochas xistentas do Ordovícico têm sido utilizadas, também, com fins ornamentais (xistos de Barrancos-Mourão).
Os granitóides alcalinos e calco-alcalinos da zona de transição com a zona Centro-Ibérica revelam, igualmente, muito interesse do ponto de vista ornamental: são os granitos cinzentos calco-alcalinos com granulado médio, do maciço anelar de Santa Eulália, que ocupam o núcleo da estrutura, e os granitos alcalinos rosados que formam um anel circundando os granitos cinzentos. 0 anel mais externo é constituído por rochas básicas de composição gabro-diorítica, de cor escura e granulado médio, as quais têm sido, igualmente, utilizadas como pedra ornamental.
Mais para SW, no maciço de Évora, encontram-se, ainda, granitóides com duas micas, por vezes porfiróides, dos quais o granito rosado de Arraiolos é explorado como pedra ornamental, e, também, granodioritos biotíticos, dos quais o de Barrocal tem tido igual aplicação. Acrescenta-se a estes tipos litológicos de interesse o quartzodiorito de Vendinha. Vários tipos de rochas com quimismo calco-alcalino predominante também ocorrem destacando-se, pelo seu interesse ornamental, o pórfiro ácido do Torrão, o diorito de Redondo e o gabro de Odivelas (Alcácer do Sal).

Zona Sul-Portuguesa

É caracterizada pelo afloramento de uma espessa série xisto-grauváquica com vulcanitos intercalados.
A série xistenta foi intruída, durante a orogenia alpina, pelos maciços anelares de Monchique e de Sines. 0 maciço de Monchique, que compreende unidades líticas de composição variada, é dominantemente constituído por rochas do tipo sienito nefelínico, com inegável interesse ornamental. 0 maciço de Sines é formado, dominantemente, por gabros e dioritos.

As ORLAS MESOCENOZÓICAS formaram-se, a partir do Pérmico, nas margens continentais a Oeste e a Sul da Península Ibérica, em relação com os episódios preliminares da abertura do Oceano Atlântico e da Mesogeia.
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Bordadura Ocidental ou Lusitaniana


Durante o Mesozóico instalou-se, na Bordadura Lusitaniana, uma fossa alongada na direcção NNE-SSW em cujo eixo os sedimentos apresentam espessura máxima.
Dada a reduzida largura da fossa, uma grande parte dos sedimentos mesozóicos foram depositados em área litoral e registam todas as oscilações do nível do mar. Daí as alternâncias de sedimentação grosseira e fina e as bruscas variações laterais de fácies que se originaram.

Podem distinguir-se três grandes séries, de acordo com a natureza do material:
Rochas predominantemente detríticas, as mais abundantes, dominando na base do Mesozóico (Reciano e Hetangiano), no Jurássico Superior, no Cretácico e, também, durante o Terciário;
Alternância de rochas margosas e detríticas, frequentes no Jurássico Superior e no Cretácico;
Rochas francamente calcárias, cujas bancadas mais espessas pertencem ao Dogger, constituindo os importantes maciços da Estremadura e da Serra da Arrábida.

0 Maciço Calcário Estremenho fornece variedades de calcário com interesse ornamental em camadas do Jurássico médio (Alpinina, Molianos, Moca Creme, Brecha de Sto. António, etc.). Na região de Montelavar (Sintra), e Montemor (Loures), camadas de calcário microcristalino de idade Cretácica são, igualmente, produtoras de pedra com interesse ornamental (Azulino, Encarnadão, Lioz, etc.).

0 maciço sub-vulcânico de Sintra, constituído dominantemente por granitos, sienitos e gabros, que intruiu no final do Cretácico, afectou, por contacto, algumas das unidades calcárias originando calcários compactos cuja exploração teve já certa dimensão.

Bordadura Meridional (Algarve)

Trata-se de um estreito talude sedimentar de direcção ENE-WSW, acidentado por flexuras. As séries vão-se tornando mais espessas de W para E e apresentam fácies de maior profundidade neste sentido.

No contacto com o Maciço Antigo ocorrem níveis de conglomerados e grés vermelhos, de calcários dolomíticos com algumas intercalações de gesso e sal-gema que, em alguns casos, apresentam interesse económico em virtude da estrutura diapírica que caracteriza, em grande parte, a tectónica desta plataforma. Esta série inicial termina com um complexo vulcano-sedimentar. Este complexo está coberto por calcários dolomíticos, por vezes calciclásticos, aos quais se sobrepõem formações pelágicas do Dogger-Malm.

0 Jurássico termina por uma espessa série de plataforma, na qual se intercalam calcários biogénicos e é recoberto por uma série Cretácica, também espessa, à qual se sobrepõe uma série Mio-Pliocénica fundamentalmente calco-arenítica.

Bacias do Tejo e do Sado

Resultam da instalação de dois importantes golfos que subdividiram, durante o Terciário, a Orla Pós-Paleozóica ocidental. Funcionaram como zonas de subsidência que sofreram preenchimento de natureza detrítica.
Os depósitos são sub-horizontais e a sua espessura é muito variável, admitindo-se um máximo de 1400 metros na bacia do Tejo. A bacia do Sado parece ser menos imponente (com menos de 500 metros de espessura). Predominam os níveis arenosos, mais ou menos grosseiros, com intercalações conglomeráticas e argilosas, e calcários lacustres.

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